[Opinião] ‘Confusĭo,onis’

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

Este mês de janeiro tem sido profícuo em polémicas, que são o resultado do “nivelamento por baixo” na exigência dos portugueses no momento da escolha dos políticos que os representam.

1As demissões no Governo colocaram a nu a baixa qualidade do recrutamento que é feito para se ser membro de um Governo. Hoje em dia, quem tem competência e carreira profissional e, acima de tudo, não vive da política, não se sente motivado para trabalhar com um conjunto de seres vivos que toda a sua vida dependeu de cargos políticos.

Sempre defendi que um político que apenas esteve em cargos de nomeação ou eleição política, sem ter passado por funções na sociedade civil nunca poderia ser um bom político. Exemplos destes, em Portugal, temos às dezenas, deputados, autarcas e assessores.

Hoje o Partido Socialista está a mostrar as debilidades que ganhou por ser Governo durante décadas e ter instalado no sistema publico os seus “boys” e, para os alimentar fez saltar de gabinete em gabinete sempre profissionais da política.

Hoje os ministros deste Governo são todos muito fortes dentro do PS, mas à excepção do ministro da economia, todos são produto do carreirismo partidário.

E só quem conhece estas teias de interligações e troca de favores dentro dos partidos é que compreende que se nomeiem Governantes, não com rabos de palha, mas sim todos feitos de palha.

Aquele iluminado Sec. Estado Miguel Alves, foi de assessor da Câmara de Lisboa para autarca de Caminha e volta a Lisboa para integrar um Governo depois de ter pago 300.000€ por uma obra fantasma, numa palavra: ridículo.

O caso mais paradigmático da inépcia governativa dos “Boys” partidários é o ex. Ministro Pedro Nuno Santos. Este político “experiente” decide e utiliza os recursos do Estado como bem aprouver à sua imagem política.

Injectar 3,2 mil milhões € na TAP sem qualquer base técnica que nos desse a garantia de retorno é de uma incompetência pura. Numa empresa privada seria despedido por má gestão.

A TAP serviu para relembrar ao país o que já ninguém ligava, os compadrios e a utilização de recursos públicos para alimentar a máquina do partido do poder.

2No fundo, todos estes governantes que se demitiram nos últimos meses por casos menos lícitos da sua vida foram escolhidos por um Primeiro-Ministro que ganhou legitimamente as eleições em janeiro e com maioria absoluta.

Foram os portugueses que escolheram estes políticos. Hoje olhamos para estes 10 meses de Governo de António Costa e podemos fazer esta pergunta: será que com Rui Rio teríamos nomeações de pessoas amputadas na sua credibilidade? Será que Rui Rio teria 5 casos de nomeações de governantes com problemas no curriculum, e uns atrás dos outros?

Mas os portugueses preferiram o experiente António Costa ao pouco hábil na arte de comunicar, Rui Rio.

3Vemos que um autarca foi detido por alegada corrupção num concelho pequeno com cerca 31.000 habitantes e que deu continuidade às práticas do seu antecessor que era de outro partido. É lamentável que um autarca jovem e eleito há apenas 6 meses tenha permitido enredar-se nesta teia. Este é um problema que afecta todos os partidos, porque é um problema geracional.

Livramo-nos dos “dinossauros” com a lei de limitação de mandatos, mas pelos vistos a nova geração de autarcas não é melhor.

Aqui Luis Montenegro veio confirmar que é mais um que à política tudo deve, pois sem ela nunca teria acesso a 400.000€ de contratos em ajustes directos com Câmaras PSD. Este tiro não o matou, mas feriu na asa e talvez não permite que voe mais alto.

Em jeito de conclusão, todas estas pessoas foram escolhidas pelos portugueses. No momento do voto, os eleitores são pouco sensíveis à idoneidade dos candidatos, vem o argumento “rouba, mas faz obra”. O problema é que não percebem que assim permitem que se perca a vergonha de quem esta na política, porque sabe que se roubar, a Justiça é lenta e a memória é curta, por isso compensa.

*Origem em latim da palavra “Confusão”, que significa entre vária outras coisas estado do que é ou se encontra confundido, misturado. Fonte: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

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