[Editorial] Remover Entraves

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

Do hino do Desportivo: “não conhecendo entraves, sua terra engrandeceu”

1 São contraditórios os sinais vitais que nos dá o Desportivo das Aves: a par de vitórias e subidas de divisão com festa e honrarias, uma reunião extraordinária da assembleia geral (a realizar já depois de impressa esta edição do Entre Margens) terá discutido e eventualmente aprovado a “cedência dos direitos desportivos a associação desportiva a criar, tendo em vista a prática do voleibol feminino”. Isto pode significar, estamos em crer, o fim da modalidade no Clube.

Temos, além disso, outros sinais como a impossibilidade, há algum tempo noticiada, de efetuar novas inscrições em todos os escalões do futebol e ainda, com muito mais relevância, a ausência de listas candidatas aos corpos gerentes para um novo mandato diretivo.
Isto significa que a decisão atrás referida, sobre o voleibol, é tomada na ausência de um programa e de uma estratégia global para o futuro do clube. Pressente-se, aliás, que a proposta pode ser tida como uma espécie de medida cautelar para garantir o futuro da modalidade de forma independente do clube, uma situação que não é sequer inédita.
Em situações anteriores de ausência de candidatos à direção, a solução encontrada foi sempre a constituição de uma comissão administrativa por sócios com provas dadas de dedicação ao clube, com a missão de definir um rumo de superação e sobrevivência.

Na situação atual fica-se com a sensação de que a declaração, feita há algum tempo, por António Freitas, de que se manterá em funções, é suficiente para tranquilizar os sócios. Na realidade essa tranquilidade é muito relativa e teria sido crucial, há muito tempo atrás, encontrar substituto para o presidente-adjunto eleito, que bem cedo desertou sem motivos conhecidos. E uma direção que se mantém em gestão nestas condições tem os seus poderes limitados aos assuntos correntes e só nova apresentação a sufrágio dos sócios a pode legitimar.

“Importante agora é unir os sócios e legitimar quem em nome deles possa promover uma gestão equilibrada dos destinos do clube, com uma visão estratégica compatível com a sua história e as suas tradições”

A dificuldade em encontrar uma solução é, em larga medida, consequência da confrontação de há dois anos, quando a existência de duas listas concorrentes deu origem a determinado número de atitudes cuja relevação só será possível com o reconhecimento público da sua impertinência e consequente desagravo.

O importante agora é unir os sócios e legitimar quem, em nome deles, possa promover uma gestão equilibrada dos destinos do clube, com uma visão estratégica compatível com a sua história e as suas tradições. E não posso deixar de recordar que houve tempos em que a magistratura de influência da autarquia municipal em situações idênticas em variadas instituições foi decisiva.

2 A irrelevância de certo tipo de intervenções nas sessões da Assembleia de Freguesia, como as que se referem ao conteúdo das atas das sessões (que podia ser antecipadamente acertado com todos os deputados) e a encenação performativa de outras, pode ser um dos motivos que expliquem a cada vez menor participação do público nas mesmas. Por outro lado, a escassez ou mesmo ausência de informação sobre as propostas de fundo que se espera ver concretizadas também não ajudam a incentivar a população a participar. A comunicação tem de ser explícita e assertiva e o Entre Margens esteve e estará sempre disponível para acompanhar as assembleias em Vila das Aves, no sentido de transmitir aos leitores informações relevantes. Se as houver. Relatar ou escrever a ata da sessão não é propriamente a missão do jornalismo.

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