Atual presidente da câmara e candidato do Partido Socialista nas próximas eleições autárquicas, projeta o futuro do município que lidera que quer ver mais ambicioso e mais ‘verde’. Alberto Costa fala ainda da renúncia de Joaquim Couto, dos processos judiciais em curso, da concessão da água e das suas prioridades para o próximo ciclo autárquico.
Parque do Verdeal, Vila das Aves
A vida de Alberto Costa mudou por completo há pouco mais de dois anos. Em junho de 2019 assumiu o comando dos destinos da autarquia tirsense após a renúncia do então presidente Joaquim Couto e desde esse verão quente tem moldado o cargo à sua personalidade.
Com passado ligado aos bombeiros, enquanto comandante dos Tirsenses, Costa tem feito do relacionamento com as freguesias a sua imagem de marca, vendo as autarquias locais como a ‘linha avançada’ da sua intervenção política.
Na sua primeira grande entrevista ao Entre Margens, Alberto Costa traça os principais desígnios que pretende implementar no próximo ciclo autárquico, passando pelos pontos mais sensíveis da sua gestão até ao momento: a concessão da água, os incêndios da Agrela e os processos judiciais em curso.
A conversa realizada em plena obra do “emblemático” Parque do Verdeal, em Vila das Aves, o candidato socialista não esconde que este é um projeto pelo qual nutre um carinho especial. Não é somente “uma das obras mais importantes” que lançou enquanto presidente da câmara, sendo também sinónimo da aposta que quer fazer na requalificação das margens dos rios, aproximando as pessoas de algo que é seu por inerência.
À partida para o primeiro sufrágio em que terá a responsabilidade de liderar a lista de um partido com os pergaminhos do PS, Alberto Costa diz-se “preparado” para o desafio e, sem papas na língua, afirma com toda a convicção que está aqui para ganhar a Assembleia Municipal, a Câmara e todas as Juntas de Freguesia.
Alguma vez pensou encontrar-se na posição de candidato à câmara de Santo Tirso? Obviamente, parte já enquanto presidente, mas vai pela primeira vez a votos. Sente-se preparado para o desafio?
Se me perguntasse há um ano, diria que sim. Se me perguntasse há quatro ou cinco anos, diria que não. Há uma coisa que sabia é que nestas funções ou noutras, por aquilo que sou, estaria naturalmente envolvido em projetos no sentido de ajudar as pessoas. Garantidamente.
Vamos recuar a maio de 2019 e à sequência de eventos que levou à renúncia do então presidente Joaquim Couto. Quando é que soube das buscas que estavam a decorrer? Qual é que foi a sua reação ao processo?
Sou um homem muito pragmático e quando fui confrontado com a situação, o que fiz foi tomar decisões pensando no que seria o melhor para o município de Santo Tirso.
Após a renúncia de mandato, a discussão que houve foi perceber se queríamos ou não continuar este projeto, sendo eu a assumir a liderança. Chegamos à conclusão que sim. Ouvi pessoas próximas, incluindo o presidente da assembleia municipal, Rui Ribeiro, e demos todos os passos que a lei nos indicava.
O facto de todos os presidentes de junta terem demonstrado apoio em torno do Alberto Costa assumir a presidência, independentemente da cor partidária, mostrou que tínhamos razão.
Percebeu a atitude do ex-presidente Joaquim Couto em renunciar ao mandato? Foi a atitude correta a ter perante as circunstâncias?
É algo que não me compete a mim comentar. É algo que apenas a ele diz respeito.
Este foi assunto de dimensão nacional, dois anos volvidos, Santo Tirso já conseguiu recuperar desta mancha?
Isso implica achar que devemos recuperar de alguma coisa. Eu acho que não. Há um facto do qual cada um tirou as suas ilações, sendo que no futuro a justiça dirá o que tiver a dizer sobre essa matéria.
Volvidos dois anos, espero que a população esteja confiante e confortável com a nova liderança que implementei. O trabalho está à vista de toda a gente.
Decidiu rapidamente apostar numa política onde as freguesias assumiram um papel mais preponderante. Essa vontade foi inteiramente sua?
É mesmo uma marca minha. Sou um claro apologista do trabalho em rede, porque ninguém consegue fazer nada sozinho. É muito mais fácil, muito mais rápido, muito mais barato e acabamos por conseguir fazer mais obra.
Durante o mandato anterior já era o vereador responsável pelo pelouro das freguesias. Qual é a diferença entre o que ouve agora do que ouvia anteriormente dos presidentes de junta?
A estratégia não alterou muito, o que alterou foi o modo de encarar estrategicamente a missão e cumprir os objetivos. O investimento nas freguesias existia na mesma, passou é a ser feito de forma diferente com claros ganhos para a população.
A questão da habitação tornou-se nos últimos anos absolutamente vital para o crescimento do concelho. Perante um mercado de habitação tão liberalizado, como pode uma câmara fazer face ao aumento exponencial das rendas e do preço de habitação própria?
A câmara tem estratégia nesta área. Primeiro, temos a habitação social, embora não sejamos apologistas de criar mais habitação deste género, para não criar guetos.
Depois, estratégia de habitação nos privados. Nunca houve tanta reabilitação de habitação, nas mais diversas freguesias e não só no centro da cidade, como agora. Dialogamos com os players e empresários do ramo, promovendo incentivos para que os projetos fossem classificados como interesse municipal para fomentar essa reabilitação.
Por fim, na questão do arrendamento, temos uma medida muito forte, praticamente inédita no país quando foi criada há alguns anos, que é o subsídio ao arrendamento. Queremos ter mais resposta de habitação com custos diferenciados conforme as freguesias.
Mais, recentemente foi criada uma estratégia local para a habitação. Foi feito um diagnóstico que apontou para que nos próximos seis anos, entre câmara e privados será realizado um investimento na ordem dos 7,9 milhões de euros. O que vai implicar a criação de mais habitação, sobretudo para arrendamento. Este investimento vai permitir que as pessoas possam vir viver para Santo Tirso, que os nossos jovens possam fixar-se cá e constituir família.
Em dezembro passado apresentou aquela que classificou como a grande medida do mandato, o resgate da concessão da água. Recentemente o JN avançou que o município vai rever o contrato da concessão com a Indaqua, facto que o Entre Margens também já comprovou junto da ERSAR. Já há algum detalhe que possa adiantar sobre o processo?
Na altura o que disse foi que tínhamos três soluções: rescisão, renegociação e o resgate. A rescisão não dependia apenas de nós e não era o melhor caminho, a renegociação foi tentada e não foi possível, avançamos para o resgate.
Com base em todas as informações, há algo que garanti na altura e garanto agora: vai haver um abaixamento de 35% do custo da fatura mensal da água para os nossos munícipes. Em devido tempo, irei explicar todo este processo e clarificar o que pretendem. Esta não é a altura.
“Teremos um abaixamento de 35% do custo da fatura mensal da água”
Alberto Costa
O início da campanha está a ser marcado pelo apoio do Partido Socialista a candidaturas independentes saídas da esfera do PSD. Por que razão decidiu o PS não apresentar candidatos próprios e apoiar independentes?
Apoiar uma candidatura independente não é nada de novo. Já existia em Água Longa. Aliás, tal não é novidade que outros partidos também já o fizeram no passado. Às vezes têm memória curta.
Eu acredito muito nas pessoas e nos seus projetos. Quando os próprios candidatos se reveem na liderança da câmara e acham que é a melhor forma de apoiar a própria estratégia, eu, enquanto líder do PS, sinto-me confortável em apoiar. É nesse sentido que apoiamos as candidaturas independentes quer a Monte Córdova, quer à Agrela.
Com que expectativas parte para o processo autárquico?
Mais do que tudo, com a responsabilidade do trabalho que se tem que fazer. Tenho claramente o objetivo de ganhar a Assembleia Municipal, a Câmara e todas as Juntas de Freguesia.
Já apresentou as listas candidatas à Câmara e Assembleia Municipal. Manteve praticamente a sua equipa, apresentando uma ou outra novidade como a Sara Moreira.
Temos uma geração de sangue novo. Conseguimos atingir 38% de jovens abaixo dos 35 anos. Nas listas da Assembleia Municipal há paridade de 50% homens e 50% mulheres. Há aqui diversas novidades. Quanto à Sara Moreira, acho que seria uma mais valia termos uma atleta olímpica como embaixadora do desporto. Claro que a pensar nos dossiers que iniciei nestes últimos dois anos pretendi dar continuidade à minha equipa.