Em dia de aniversário, executivo de freguesia apresentou ambicioso projeto para reabilitação da antiga junta, transformando-o num polo de criação com laboratórios, oficinas, sala de conferências e uma Black Box para espetáculos.
Não se faz uma festa de aniversário, sem presentes ao aniversariante e a junta de freguesia de Vila das Aves cumpriu o desígnio e ofereceu à terra que celebra 68 anos de elevação a vila um presente em forma de ambição: o projeto para a reabilitação do edifício da antiga junta.
Joaquim Faria tomou da palavra no início da sessão solene para fazer um ponto de situação do mandato, sublinhando que tem feito “o possível e o impossível para dar reposta às expectativas da população” antes de olhar para o futuro, cedendo a palavra ao arquiteto Tiago Martins que, em conjunto com Daniel Carvalho, foi o responsável pelo projeto apresentado agora publicamente.
O desafio era delicado. Trata-se de um edifício histórico, marcante na memória coletiva da comunidade avense durante muitas décadas. Portanto, qualquer intervenção deverá respeitar uma lógica simples: respeito pelo passado, projetando-o no futuro.
Para tal, como explicou Tiago Martins, perante a plateia presente no Salão Nobre, foi preciso delinear uma estratégia base que guiasse todo o projeto que acabou sintetizada num mote definidor para a reabilitação. “Um espaço de convergência com valências pertinentes e contemporâneas de apoio ao desenvolvimento individual e coletivo da cultura avense”, revelou o arquiteto.
É partir desse mote que surge o nome pelo qual passará a ser identificado o edifício, após a conclusão da intervenção: NAAve. Um acrónimo para Núcleo de Afirmação Avense, cujo significado se projeta para outras interpretações.
“Funciona como uma nave espacial”, começa por explicar. “Um equipamento que nos transporta desde o passado, ao presente e até ao futuro. O passado representado pelo edifício, um edifício histórico, o presente relacionado com as valências que vamos dotar este edifício e o futuro relacionado com o potencial esta ferramenta pode transmitir à população”.
De acordo com o projeto, os dois pisos do edifício serão pensados para dinâmicas distintas. O piso térreo para uma utilização mais “contínua” e o piso superior para uma utilização mais flexível.
Dissecando, os espaços é possível observar que para o piso 0 está pensado um átrio e receção expositiva de memória da vila e um bar de apoio, serviços esses acompanhados de quatro salas denominadas laboratórios/oficinas.
Como explica Tiago Martins, estes serão uma das “grandes valências” do edifício “com muito potencial enquanto espaços de incubação para novos projetos, associações e artistas emergentes”.
Para o piso superior, está pensada uma sala multiusos idealizada para ser aberta à população para a organização de workshops e formação informal; uma sala de reuniões e conferências fundamental quando associada ao trabalho que pode vir a ser desenvolvido nos laboratórios do piso inferior e aquela que será a “joia da coroa” do edifício: a implementação de uma Black Box.
“Um espaço com imenso potencial, desde logo porque seria a primeira do concelho, mas sobretudo porque possui uma série de características e valências cada vez mais procuradas por artistas da música, teatro ou dança”, enalteceu.
Numa sessão solene de aniversário marcada pela projeção do futuro, também o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Alberto Costa, quis deixar duas garantias sobre os projetos de intervenção no miolo urbano de Vila das Aves, anunciados precisamente há um ano.
O projeto para requalificação da rua João Bento Padilha estará concluído até ao verão para que a obra seja lançada até ao fim do ano. Quanto à intervenção na Avenida 4 de Abril de 1955, o autarca revela que o projeto estará concluído até ao final de 2023 de maneira a que possa avançar durante o ano de 2024.
“Acreditamos que Vila das Aves tem papal fundamental no desenvolvimento do município”, rematou.
A junta de freguesia aproveitou a sessão solene para homenagear dois membros da sociedade avense. Margarida Castro, por quatro décadas de serviço à causa pública enquanto funcionária da junta de freguesia e Armando Almeida, icónico empresário que fez da comunidade de Vila das Aves e o bem-comum a sua prioridade.