[Destaque] O Que Esperar de 2023?

ATUALIDADE DESTAQUE

A bola de cristal do Entre Margens revela os assuntos que certamente vão marcar o ano de 2023. De obras a concluir, estratégias a implementar perante uma inflação insidiosa que pode fazer derrubar o baralho de cartas.

Ano novo. Novos projetos. Novos objetivos. Ou pelo menos assim devia ser. Neste exercício de previsão que anualmente a redação do Entre Margens se propõe, alguns dos principais assuntos levantados no início de 2022 continuam atuais, ou em fase de conclusão, o que pode dar aso a uma visão copo meio cheio/copo meio vazio. Sim, todos os grandes assuntos que fizeram parte das previsões em janeiro do ano passado obtiveram avanços, mas ainda sem desfechos conclusivos. É sinal que o caminho está a ser trilhado, mas que este é longo e sinuoso.

Depois de consultada a bola de cristal, que temas vão marcar o ano de 2023 nesta península entre-os-Aves?

Parque do Verdeal

Uma infraestrutura pensada há três décadas irá finalmente ser inaugurada (possivelmente) no primeiro trimestre de 2023. O parque está concluído, depois de alguns atrasos relacionados com a ponte pedonal e os taludes nas margens. Aliás, o próprio presidente da junta de Vila das Aves revelou que a intenção passa por inaugurar oficialmente em fevereiro.

Se assim for, Vila das Aves e São Tomé de Negrelos, ganham um pulmão verde de referência nas margens do Vizela que certamente vai servir de epicentro para a comunidade. Mais, com o parque concluído, abre-se a porta à tão falada ligação pedonal e ciclável até ao Parque Urbano Sara Moreira, na Rabada, ao longo das margens dos rios.

Infantário de Vila das Aves

Um processo que foi promessa autárquica de Joaquim Faria em 2017, tornou-se numa dor de cabeça burocrática desde então, mas para 2023 parece estar destinada uma resolução mais definitiva.

Depois de assinado o protocolo entre a Associação de Ringe e a Segurança Social que viabiliza o projeto para a reabertura do infantário de Vila das Aves, a instituição avense conseguiu nos últimos dias do ano publicar em Diário da República o início do concurso público para as obras de reabilitação do edifício. Com o valor base de 268 mil euros, espera-se que a empreitada possa avançar ainda durante este ano.

Quinta dos Pinheiros

O imbróglio resultante da insolvência da SAD do Desportivo das Aves, vai ter em 2023 um ano decisivo para se perceber o futuro do terreno que estava projetado para acolher um centro de estágio. A Associação Humanitária dos Bombeiros de Vila das Aves apresentou em assembleia geral um projeto para a sua parcela do terreno, onde quer criar um complexo desportivo com um relvado natural para servir de sustento financeiro à atividade dos bombeiros através do aluguer do espaço a emblemas da região. Já a junta de freguesia continua num limbo sobre o que fazer com a sua parcela.

Esta tomada de posição dos bombeiros parece inviabilizar um projeto conjunto entre as duas instituições, sendo que a junta vai agora fazer uma auscultação pública para se perceber as possibilidades do terreno que detém.

Reabilitação Urbana em Vila das Aves

A grande promessa da campanha autárquica de 2021 de Alberto Costa terá, segundo o próprio autarca, avanços significativos em 2023. Os projetos ainda não são conhecidos publicamente, mas o presidente da Câmara garantiu que a tão badalada reabilitação do centro urbano de Vila das Aves vai iniciar-se com intervenções na Av. 4 de Abril de 1955 e na rua João Bento Padilha. Ficam a aguardar-se os pormenores das obras tão reivindicadas pela população de Vila das Aves.

Posto GNR de Lordelo

Anos de denúncias devido às condições “degradantes”, a GNR de Lordelo vai finalmente ver concretizada a ambição de ver construído de raiz um novo posto. O contrato foi assinado no passado mês de dezembro com Ministério da Administração Interna e representa um investimento de 1,3 milhões de euros e tem previsto o início das obras já em janeiro. O novo edifício ficará localizado num terreno na zona industrial de Mide e deverá estar concluído no final do ano.

Jornadas Mundiais da Juventude

Agendadas para agosto, as Jornadas Mundiais da Juventude estão já a movimentar paróquias e dioceses por todo o país. Em antecipação do evento que trazer a Lisboa milhares de jovens de todo o mundo, as preparações fazem-se a nível local e não têm deixado ninguém indiferente.

A peregrinação dos símbolos das Jornadas marcou o outono, sendo que até ao verão prepara-se a parte logística dos grupos e incentiva-se a participação da comunidade nas pré-jornadas. Neste momento, está previsto que uma boa parte dos participantes de outros países se estabeleça pelos quatro cantos do território nacional através de famílias de acolhimento, dando a conhecer o melhor que cada local tem para oferecer.

No caso de Vila das Aves, por exemplo, o Grupo de Jovens Renascer já fez saber que pretende receber na vila cerca de uma centena de jovens de todo o mundo. Para isso contam já com a colaboração das escolas, mas querem incentivar à candidatura de mais famílias de acolhimento.

Cultura com ou sem Cineteatro?

A questão sobre cineteatro de Santo Tirso vai continuar a ensombrar a atividade cultural do concelho em 2023. Sobretudo após um ano onde os vizinhos deram mais passos importantes no que diz respeito a salas de espetáculo. Guimarães inaugurou com pompa e circunstância a requalificação do histórico Teatro Jordão, enquanto aqui mesmo ao lado, o Município de Famalicão devolveu à comunidade de Riba de Ave o Teatro Narciso Ferreira que desde então funciona com programação regular de qualidade.

Enquanto isso, em Santo Tirso mantém-se o limbo sobre esta matéria. A ‘Fábrica’ serve de salva-vidas, mas não tem as características necessárias para servir de sala de espetáculos adaptada às exigências de uma programação contínua e exigente nas mais diversas áreas artísticas. O Centro Cultural Municipal de Vila das Aves está em obras para reparar infiltrações, mas o auditório é pequeno para acolher iniciativas de maior dimensão. Entretanto, a Câmara vai adquirir a Casa da Galeria, uma lindíssima galeria de exposições, mas que também não é um auditório e se irá juntar ao Museu Internacional de Escultura Contemporânea e ao Centro de Arte Alberto Carneiro.

Entre o Cineteatro no centro da cidade de Santo Tirso, o Cine Aves (que continua à venda) ou um projeto de raiz implementado noutro local, o concelho não pode perder este comboio e ficar fora das grandes esferas culturais.

PRR e Habitação

O concelho de Santo Tirso tem neste momento no terreno duas obras importantes financiadas em Plano de Recuperação e Resiliência (PRR): as rotundas da Ermida e Fontiscos que vão melhorar substancialmente o acesso às áreas empresariais em torno da A3 e assim potenciar e implementação de grandes grupos económicos no concelho.

Com prazo previsto para a sua conclusão a rondar um ano, a pergunta que se impõe de imediato é o que virá a seguir. Alberto Costa tem encetado conversações sérias com o Governo com a intenção de criar uma variante à EN-105 que facilite o acesso destas empresas ao nó da A41, em Água Longa. A acontecer seria uma excelente notícia, mas numa altura em que o problema da escassez de habitação se agrava a cada dia que passa, é incompreensível que o Município se mantenha na periferia dos programas de construção de habitação acessível.

A implementação empresarial terá tanto mais impacto no concelho quanto este consiga absorver os empregos criados em residência permanente. Santo Tirso precisa urgentemente de habitação para as classes médias e baixas, mas até ao momento, a autarquia parece querer ficar apenas pela rama.

Crise inflacionária

Para além das consequências humanas que são difíceis de mesurar com precisão, a invasão do território ucraniano por parte da Rússia sentiu-se nos bolsos de cada um devido ao aumento generalizados dos preços, sobretudo das matérias-primas e dos produtos alimentares.

A quebra no abastecimento de petróleo e gás natural russo e a devastação da indústria agrícola ucraniana, levaram a um aumento exponencial de preços dos produtos que quotidianamente são utilizados pelo cidadão comum. O consequente crescimento da taxa de inflação para níveis que se assistiam em Portugal desde o início dos anos 90, absorveu as conquistas salariais dos últimos anos e agravou os custos de indústria como a construção, refletindo-se também no mercado imobiliário e das obras públicas.

É verdade que há fundos comunitários para investir, mas com os preços das obras subvalorizados, os concursos vazios tornaram-se parte do jogo, atrasando ainda mais o desfecho de investimentos fundamentais.

Por outro lado, com o aumento das taxas de juro anunciado pelo Banco Central Europeu para combater a escalada da inflação, as famílias vão ter de se aguentar com a drástica subida das prestações do crédito à habitação. Uma tempestade perfeita ou uma nuvem passageira? Certamente, as contas de 2023 serão intimamente influenciadas por este fator.

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