A frase é de Carlos Monteiro, um dos elementos do grupo que pretende a desagregação da União de Freguesias de Carreira e Refojos de Riba de Ave. Falta de proximidade é o problema principal apresentado para avançar com esta decisão.
Os habitantes de Refojos de Riba de Ave uniram-se para a criação de um abaixo-assinado que pretende a desagregação da União de Freguesias de Carreira e Refojos de Riba de Ave, permitindo assim que a constituição desta última povoação regresse aos moldes em que se encontrava em 2013, antes da ‘Lei Relvas’.
‘A proximidade não existe’, dizia Carlos Monteiro, um dos responsáveis pelo abaixo-assinado, em conversa com o Entre Margens, apresentando esta lacuna como um dos motivos que levou à organização desta recolha de assinaturas.
“A ligação Refojos de Riba d’Ave e Santiago da Carreira nunca existiu. A única população que convive com Refojos é a da Reguenga e uma pequena parte de Lamelas”, começou por explicar.
Já em 2011 quando se iniciou a discussão de possibilidades de agregação das freguesias, a questão da proximidade era apontada como um problema. A divisão a ‘régua e esquadro’ gerou diversas discussões sobre a identidade de cada freguesia e as relações inexistentes entre cada povoação. Ainda assim, a agregação aconteceu, apesar do parecer não-favorável da Câmara Municipal de Santo Tirso à época.
No caso de Refojos de Riba de Ave, uma outra problemática passa por ser uma população constituída, maioritariamente, por cidadãos idosos cuja dificuldade de deslocação a determinados serviços, nomeadamente a Junta de freguesia, é dificultada, o que acaba por prejudicar também a relação da população com os órgãos autárquicos que a representa.
“Ao longo dos anos criaram-se melhores condições para a população, como o centro de dia, o parque desportivo ou a escola. Quando as pessoas já têm isto tudo e deviam estar a ser servidas por aqueles que as conhecem diariamente, que sabem as dificuldades deles, impuseram uma lei”, concluiu.
Um outro problema indicado é a indiferença perante as populações, uma vez que “não foi considerada a auscultação e os anseios das respetivas populações residentes”.
Esta não é primeira vez que a (des)união das freguesias está em cima da mesa. Aquando da discussão da ‘Lei Relvas’, o grupo que agora pretende a desagregação, na altura com Carlos Monteiro como presidente da Junta de Freguesia, já se teria mostrado contra a reforma administrativa local, tendo apresentado uma moção de rejeição na Assembleia de Freguesia em dezembro de 2011.
Oito anos após a aplicação da lei, são mais de 453 assinaturas que pretendem conseguir a independência de Refojos de Riba d’Ave. Neste momento o abaixo-assinado já foi enviado para a Assembleia de Freguesia, assim como para a Assembleia Municipal. Aguarda-se agora a votação destes órgãos que só poderá acontecer após as eleições autárquicas. Caso o parecer seja favorável, caberá à Assembleia da República perceber se a freguesia de Refojos reúne as condições necessárias para a sua desagregação. No melhor dos cenários, este será aceite, mas apenas em 2025 Refojos de Riba D’Ave terá a sua independência e poderá avançar para as eleições autárquicas nessa mesma condição.
Refojos de Riba de Ave é uma freguesia rural com 6,3 quilómetros de área e que foi sede de concelho até 1835. Um certo simbolismo que dá asas a que seja também este um incentivo para as restantes Uniões de freguesia do concelho darem o próximo passo. Para Carlos Monteiro há uma determinada ‘falta de informação para os líderes que foram agregados’ que não permitiu que já tivessem avançado com o mesmo processo que Refojos. “Acredito na desagregação de todas as freguesias do concelho de Santo Tirso. Sem exceção. Estou confiante porque vi na altura a tristeza das pessoas em perderem a sua identidade”, rematou.