[Editorial] O cruzeiro paroquial de S. Lourenço de Romão

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

A freguesia de Aves, aliás S. Miguel das Aves absorveu, no século XIX, as duas pequenas paróquias de S. Lourenço de Romão e de Santo André de Sobrado, que passaram lugares da freguesia maior.

Tanto Sobrado como Romão tinham uma igreja paroquial e, como é normal, um cruzeiro processional. Felizmente, Sobrado manteve a sua Igreja e as obras realizadas há algum tempo atrás restituíram-lhe a beleza do aspeto primitivo. Também conserva o cruzeiro e os arranjos urbanísticos realizados, mesmo não tendo preservado os sinais dos enterramentos que se faziam no antigo adro, não prejudicam a apresentação e a preservação do património. 

Romão não teve a mesma sorte. Os nossos conterrâneos com mais de 80 anos dizem recordar-se ainda da Capela de Romão. Em 1898, já só existiria a capela-mor da Igreja, pois que, numa ata da Junta de Paróquia de reunião em de 7 de Agosto de 1898, de delibera “reedificar a capella mor da egreja de Romão” por cincoenta mil réis”. Estas obras viriam a terminar no final desse mesmo ano. Parece poder entender-se que a que só foi reedificada a capela mor porque o restante era ruína, visto que a pedra que restou destas obras viria a ser transportada para “o terreno solto junto da caza da aula” (em Quintão). A capela acabaria por ser vendida pelo estado após a nacionalização dos bens da Igreja pela República e, muito mais tarde, foi erigida a pequena capela existente atualmente.

O cruzeiro paroquial de Romão manteve-se. E há quarenta anos estava situado no início da atual Rua de S. Lourenço. Escreve o Padre Marques de Oliveira que “foi abalroado e decepado várias vezes pelos camiões que passavam, sendo por isso objeto de reparações que o tornaram diferente do original e o afastaram do lugar que lhe foi próprio”. Só a base, que tem a inscrição 1748, poderá ser original. Ainda assim, tem sempre um valor simbólico, de recordação da antiga paróquia e, por isso, merece ser protegido.

Ora as obras recentes retiraram-lhe o canteiro protetor, de tal modo que uma trajetória mal calculada de um veículo mais alto resulta no desastre documentado na foto.  Será que ainda é tempo de corrigir o projeto para evitar a repetição do cenário?

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