[Crónica] Pode Alguém Ser Quem Não É?

CRÓNICAS/OPINIÃO Fátima Pacheco

A humanidade esquece que o planeta Terra é, por enquanto, sua única casa. Infelizmente todos os dias vemos notícias da depredação que se vem fazendo no planeta. Do Brasil, Portugal retirou ouro, pedras preciosas, madeiras exóticas, minérios vários. Hoje a febre da extração de minério mantém-se e com a chamada inovação vão-se descobrindo novos produtos a extrair do subsolo. Com a fabricação dos carros elétricos e aparelhos de comunicação vem-se procurando retirar das minas o lítio.

Há poucos anos em Minas Gerais rebentou uma barragem que continha os rejeitos resultantes da exploração de minério de ferro. O rompimento da barragem destruiu várias localidades, vegetação e rios. Os moradores perderam todos seus pertences e tiveram de se deslocar para regiões desconhecidas e alguns com muita dificuldade de refazer suas vidas. Uma professora da Universidade Federal de Minas Gerais afirma que a lama espalhada pode ter cromo, chumbo e arsénio criando grandes riscos para a saúde da população pela ingestão de água contaminada.

Esta semana sai na televisão a grande reportagem dando conta da grande quantidade de minério de lítio que existe no subsolo do Vale de Jequitinhonha, local de exuberante beleza natural, riqueza cultural onde ainda subsistem culturas portuguesa, negra e indígena. Dali está sendi extraído esse mineral que pode ter várias utilidades, desde as baterias, ligas metálicas, dispositivos médicos e produção de fármacos.

As imagens que pudemos ver dessas fábricas de extração assustaram-me pois tudo o que de belo se poderia, talvez, ver anteriormente agora se reduz a imensas tubagens, máquinas e pó. Também deram conta que da imensidão de pedra que retiram das montanhas, o lítio é em número ínfimo e por isso a extração deve cada vez maior. A empresa que aqui se instalou é… estrangeira.

O progresso, o desenvolvimento a qualquer custo, a retirada da terra o que a ela pertence para seu equilíbrio trará à população algum crescimento económico, o aumento do emprego, mas a que preço para o futuro da humanidade? Como poderemos pensar sustentabilidade na nossa casa comum que permanentemente destruímos por pensarmos somente no futuro demasiado próximo. O que será das novas gerações?

E como pode alguém ser quem não é recordo a luta contra a Pedreira em Sobrado, das promessas de arborização que nunca se concretizaram.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

thirteen − three =