[Editorial] Novo ciclo, o mesmo jogo

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

Feitas as contagens dos votos, já se dissiparam os sinais das celebrações de vitórias bem como os das frustrações das derrotas inesperadas ou das tristezas de desaires menos sentidos porque à partida prováveis, mas que nem por isso afastaram os candidatos.
É tempo de tomadas de posse. Se ninguém duvida que os vencedores assumirão naturalmente as funções para que foram eleitos, sobra, para alguns dos vencidos, a sensação de pouca utilidade da sua prestação, por desvalorização intencional do potencial de colaboração dos vencidos com os vencedores. Isto será, talvez, mais evidente ao nível do executivo camarário, bipartidário, onde uma tradição com décadas tem vindo a desvalorizar as reuniões de decisão coletiva, nomeadamente as que são públicas, transformando-as em meras formalidades para registo em ata.
A consolidação da democracia exige que, ao nível das assembleias representativas, se desenvolva a participação, a capacidade de escrutínio e a divulgação das sessões. Valorizar o contributo de todos os eleitos deve fazer parte dos regimentos adotados, sem esquecer a intervenção dos cidadãos eleitores. Valorizar as próprias atribuições dos órgãos no escrutínio dos executivos é também crucial.
O bem-estar de uma freguesia ou concelho vai-se promovendo de forma contínua, sendo as eleições marcos de referência a assinalar o trajeto. A eleição dos órgãos de freguesia não tem sempre resultados consonantes com a eleição municipal. O município de Santo Tirso leva mais de quarenta anos seguidos de governação socialista, pelo que parece absurdo fazer certo tipo de comparações gráficas sobre o investimento líquido dentro da freguesia, limitando a janela temporal: todos sabemos onde estão os recursos. A questão que temos com o município é a capacidade de influenciar a tomada de decisões. Ou a falta dela. A maior e mais antiga vila do concelho não está representada no executivo concelhio, nem sequer em oposição. Será que ainda há secções locais dos grandes partidos?
Tudo isto é mudança e as notícias nesta edição também dão conta disso. Algumas são concretizações de anúncios conhecidos. Outras, sentem-se no transtorno do dia a dia: a “requalificação urbana” vem tratando de melhorar algumas artérias centrais. Mas não se vislumbra qualquer intervenção, pública ou privada, nas ruínas urbanas da baixa. Vemos algumas obras importantes inscritas nos programas, como o Cine Aves, mas o pequeno pormenor da falta de limpeza do passeio defronte dá-nos uma garantia: não há pressa.

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