[Entrevista] José Machado (CDU): “Não vale a pena fazermos promessas desmedidas enquanto houver pessoas sem saneamento”

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José Machado é o cabeça de lista da CDU à junta das Aves. Quer ver uma vila mais asseada, mais verde e com mais respostas sociais ao serviço da comunidade.

Que avaliação faz deste mandato de quatro anos?
A avaliação não é muito positiva, nem muito negativa. Houve coisas que realmente foram concluídas, como o Parque do Verdeal e certas ruas como a João Bento Padilha. Mas penso que o mandato pauta por pouco no que toca ao asseamento das ruas. Vemos inúmeras ruas sem limpeza de canteiros e passeios. Aí pecou-se imenso. Não conseguimos perceber o porquê de certas ruas não terem saneamento. Penso que no fundo, se pecou nessas coisas básicas. Num momento em que câmara e junta são do mesmo partido, faltou pressão para se fazerem investimentos.

A questão da limpeza das ruas tem sido uma crítica apontada por muitos. Pode ser explicado só por falta de recursos humanos ou de planeamento?
Penso que um pouco dos dois. Acho que há falta de mão humana, e isso faz muita diferença, porque sem pessoas e sem recursos não se fazem as coisas. Mas acho também que há falta de planeamento, porque temos uma vila grande que sabemos nem sempre é fácil de manter asseada. Tem de ser prestada outra atenção.

Há oito anos, Joaquim Faria apresentou a reabertura do infantário como grande promessa eleitoral que, apesar da obra estar concluída, ainda não se encontra ao serviço da população. A CDU apresenta uma proposta de reforço da rede de creches na freguesia. Perante a necessidade evidente da comunidade, como é que entende este processo?
Sem dúvida que é um serviço que faz falta à população. É um ponto que falhou porque sendo um dos estandartes da candidatura e não foi concretizada, falhou. Sei que o presidente tem estado a trabalhar afincadamente no assunto. É um ponto que quem vier a seguir terá de resolver.
Na minha opinião, não basta ter uma creche. É preciso criar mais e a freguesia tem espaços para isso. Por exemplo, a antiga Escola da Ponte podia ser requalificada para o efeito ou a Escola de Cense, também para não ficar tudo concentrado no centro. Para além do antigo AIVA, devia-se pensar em ter outros pontos da vila com esta resposta social.

Junta e Câmara Municipal estão sobre gestão pessoas eleitas pelo mesmo partido. Essa relação de proximidade tem trazido benefícios para a vila ou tem faltado poder de reivindicação?
Os presidentes Alberto Costa e Joaquim Faria parecem dar-se bem e tem-se visto agora no investimento na rua João Bento Padilha. Só que isso, às vezes, pode ser um bocado de areia para os olhos, quando olhamos para os últimos oito anos não foi sempre como neste último ano de mandato. Depois, há outro problema que não é só daqui, é um problema nacional: falta de comunicação com as pessoas. Perguntar-lhes as necessidades, as verdadeiras necessidades e apresentar-lhes soluções.
Nas obras na Av. 4 de Abril, estive a falar com lojistas e moradores que me disseram que não receberam uma palavra sobre quando a rua ia fechar ou sobre o que vão fazer ao estacionamento. São estas pequenas coisas que fazem a diferença. Às vezes fala esse tato. É preciso falar com as pessoas diretamente.

Quais são as linhas orientadoras do programa da CDU?
Quero deixar bem assente que se formos nós a ganhar, as primeiras coisas de que vamos tratar são as necessidades básicas das pessoas. Estender o saneamento a todas as ruas da freguesia, depois a limpeza das ruas e a plantação de mais árvores, porque falta verde nesta vila. Não vale a pena estarmos com promessas enquanto houver pessoas sem acesso ao saneamento básico ou com as ruas por limpar. Estamos em pleno século XXI, as pessoas precisam de ter acesso ao básico.

A freguesia, contudo, tem três marcos do seu património a necessitar de intervenções: o mercado, o Amieiro Galego e a antiga junta. O que deve ser feito com estes três edifícios?
Começando pelo Amieiro Galego, há que dizer que a primeira proposta para o aproveitamento das águas sulfurosas foi feita pela CDU, há décadas. Ainda bem que temos agora outros partidos a acompanhar. O parque precisa de se transformado num espaço com valências que possam beneficiar a população. Pode não ser possível fazer tudo a quatro anos, mas é um processo que se pode começar.
Quanto ao antigo edifício da junta de freguesia, sabemos que nos últimos anos foi um local onde algumas bandas usaram como sala de ensaios. A nossa pretensão vai um pouco nesse sentido. Requalificar o edifício para que ele possa albergar artistas, músicos e seja um espaço dedicado às artes e à cooperação. O palácio da junta tem todo o potencial para a população poder usufruir gratuitamente.
Quanto à feira, é uma situação um bocado degradante. Comerciantes que nem sequer são da vila, nem do concelho, chegarem cá e darem de caras com os anexos com vidros partidas e um local degradado, vandalizado. Um comerciante que vem de fora, chega cá e vê aquele cenário, perde logo a vontade.

A CDU não tem conseguido representação na Assembleia de Freguesia. Que falta faz a voz do partido entre os eleitos?
Por todo o historial, por toda a luta ao lado da população, a voz da CDU faz falta porque ao contrário de outros partidos, não quer deixar ninguém para trás. Temos proposta concretas para resolver os problemas das pessoas e as suas necessidades. A CDU está aqui para lutar pelo bem da população, sem interesses.

Como é que gostava de ver Vila das Aves daqui a quatro anos?
A evoluir. Quero ver a vila melhor do que aquilo que é hoje. Espero que o AIVA esteja a funcionar e haja mais soluções de creche para as famílias de Vila das Aves. Quero ver uma vila mais verde, com mais árvores. Quero ver melhores estradas, porque neste momento temos das piores estradas do concelho. Quero que o saneamento chegue a todo o território.

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