Diogo Barros, candidato do Bloco de Esquerda (BE), acusa o executivo de Joaquim Faria de inação e quer aposta concreta em habitação acessível e reforço da rede de apoio social na freguesia.
Da perspetiva do BE, como é que classifica estes quatro anos de mandato do atual Presidente da Junta?
Acho que o mandato do Joaquim Faria é um bocadinho como aquele ditado popular que é só há obras, só há alguma coisa que muda em ano de eleições. Vimos uma vila parada no tempo, mas que há uns meses para cá, em véspera das eleições, intensificou as obras. E isso trouxe transtorno.
Porquê transtorno?
Porque ora esta rua está cortada, ora um desvio aqui, outro ali… Para os comércios foi devastador, as reclamações são muitas. O Bloco não é contra que se façam obras. Precisam é de ser as obras necessárias, que sejam importantes para a vida das pessoas. E não se pode estar três anos sem fazer nada e no último ano fazer tudo ao mesmo tempo. Isto torna viver e trabalhar em Vila das Aves impossível. Acho que é muito esse retrato que foi o Joaquim Faria. Muita inação, muitas festas para, no final, criar um transtorno enorme para os negócios.
Vila das Aves, além de ser o segundo polo, mais importante, tem uma característica muito própria. Deve ser, dentro do município, o sítio com mais identidade própria: a identidade avense. E merece mais respeito por parte do Presidente da Câmara e do atual Presidente da Junta. Mais respeito, mais sinceridade e transparência.
O Bloco aponta, claramente, um problema relacionado com o acesso à habitação. Como é que uma junta de freguesia pode intervir num campo tão complexo?
Acredito que, acima de tudo, não será a fazer uma visita com o Presidente da Câmara e futuros projetos de imobiliárias provadas. A tal habitação premium que o Presidente da Câmara referiu no debate recentemente. Não faz sentido. Sabemos perfeitamente que não é o mercado que vai ajudar a combater este flagelo. A Câmara Municipal e a Junta de Freguesia não se podem isentar de um papel principal em dar resposta à habitação. Ora, uma das propostas do Bloco é exatamente aumentar a habitação pública numa vila que já tem uma boa percentagem de habitação pública, com o complexo de Ringe, por exemplo.
A nossa proposta passa por criar habitação para a família que trabalha, que é uma família que tem rendimentos baixos e que precisa de ter uma ajuda para combater o preço da casa. Não nos podem dizer que é normal que um T2 em Vila das Aves custe 800 euros, ou 900, ou mais quando o ordenado mínimo atual é 870 euros.
O BE apresenta as respostas sociais como prioridade. Como é que a junta pode ajudar a ampliar as respostas sociais?
O apoio social tem de ser real e é por isso que o Bloco propõe a criação de uma comissão social na freguesia. Chamar as IPSS, associações e movimentos inorgânicos para reunirmos uma vez por mês para falarmos disso, para ver o que é preciso fazer, para tentar encontrar respostas, com um representante do município e da Junta, empresas que queiram ajudar a cooperar.
Com uma comissão ampla e podemos acredito que podemos encontrar soluções para os vários problemas, para dar resposta a creches e jardins de infância, também nos cuidados a pessoas idosas e na rede de apoio aos cuidadores informais com já batalhamos em 2021 com a Berta Soares como candidata.
A relação entre Câmara e junta nem sempre foi fácil, mas nos últimos anos tem-se notado mais alinhamento. Trouxe benefícios?
Acima de tudo, precisamos de um Presidente da Junta que fale na Assembleia Municipal. Um Presidente da Junta que está lá quatro anos caladinho, não serve para nada. E tivemos durante quatro anos um presidente sem falar uma única vez de uma proposta, sem questionar, nada. Costuma-se dizer que se Câmara e Junta forem do PS é mais benéfico, mas Vila das Aves é a prova viva que de benéfico não tem nada.
Relativamente a três infraestruturas que são património da freguesia: o Palácio da Junta, Parque do Amieiro Galego e o mercado. São os três necessários reabilitar?
Sem dúvida nenhuma que os três têm que, nos próximos quatro anos, ter muita atenção por parte das autarquias. Ainda hoje estivemos na feira e percebemos que estava abandonada. Faltavam pessoas e comerciantes porque as condições não são as mais agradáveis. Já ouvimos falar em requalificação do mercado há muitos anos, mas efetivamente nada mudou.
Queria falar sobre o Cine Aves porque foi um dos assuntos que o BE trouxe para estas autárquicas. Há projetos e ideias diferentes, mas queremos ser ambiciosos. Reativar a sala de cinema, sim, mas também queremos que se torne num espaço comunitário. Acreditamos que uma vila que tem uma identidade tão própria, possa ter ali um espaço para o movimento associativo, com salas de reunião, salas de estudo como um polo para a juventude a que queremos chamar Casa Avense.
Como é que gostava de ver a Vila daqui a quatro anos?
Acima de tudo, uma vila com mais árvores, mais habitação, mais mobilidade que permite ter um povo feliz por viver e trabalhar em Vila das Aves. Com a crise de habitação, com a subida dos preços precisamos de reforçar os apoios socais. E se não podemos afetar os preços dos supermercados podemos pensar em soluções como lojas sociais e bancos alimentares. Depois, de quatro, oito, até décadas de imobilismo e de uma política tapa buracos são precisas respostas concretas para a vida das pessoas.