O dia 18 de Maio aproxima-se, e não se trata, como tantos querem fazer crer, de uma escolha entre dois rostos da mesma moeda, mas sim de um momento de ruptura com a direita, de travagem da engrenagem que contrai os nossos direitos. Porém, não se trata apenas de derrotar a direita, mas de derrotar a política de direita, essa que se disfarça com muitas caras, mas sempre pronta a servir os mesmos interesses que, por muito que se mascarem, continuam a ser os do lucro de uns poucos acima das necessidades sociais, do “mercado” acima das pessoas, do capital acima do trabalho.
Perante esta urgência, ressurge o velho canto da sereia do “voto útil” no PS. Dir-me-ão que o PS é o mal menor ou o muro de contenção. Mas digam-me, se vos parece sensato continuar a alimentar o ciclo em que se apoia quem depois não é alternativa à direita – mas o seu parceiro disfarçado. Basta recordar os tempos mais recentes: foi o governo do PS, com maioria absoluta, que deixou como herança um orçamento que o PSD/CDS depois aplicou sem hesitar. Foi o PS que, até há poucas semanas, viabilizou o Orçamento da AD, aprovou a Lei de Solos abrindo a porta à especulação imobiliária, o alívio de impostos aos grupos económicos com a redução do IRC e que, em plena campanha, se gaba de tudo ter feito tudo para segurar o governo da AD. Tudo isto feito em nome da “estabilidade”, como se fosse indiferente o conteúdo dessa estabilidade. Como se manter um governo a aplicar a política de desmantelamento do SNS, de ataque aos serviços públicos, precarização das relações de trabalho, não implicasse a instabilidade da vida dos trabalhadores, dos pensionistas, dos jovens à procura de futuro. É por isso que não podemos aceitar a lógica do “mal menor”, pois o mal menor, ao repetir-se eleição após eleição, torna-se no mal permanente. Veja-se, por exemplo, a questão dos salários: PS e AD têm no seu programa uma diferença de 10 euros no valor do salário mínimo para 2029 (1100€ e 1110€). Enquanto isso, em Espanha já hoje esse valor se aproxima dos 1.200 euros. É esta a ousadia que nos querem vender como alternativa? Não se confunda: a ameaça principal continua a ser a direita e quem ela representa, mas se o combate for feito por quem a imita nos actos enquanto a condena só nas palavras, acabamos por apenas dar tiros nos pés.
E é por isso que afirmamos: votar na CDU é o único voto verdadeiramente consequente para enfrentar as políticas de direita. É o voto que não cede ao medo do “menos mau”, que recusa a chantagem das sondagens e das televisões que nos querem empurrar para o beco sem saída da alternância sem alternativa. Votar na CDU é afirmar que ainda há quem lute pela valorização dos salários (a começar pelo SMN a 1000€, já), pelo reforço do SNS, por justiça fiscal e o acesso de todos a uma habitação digna. É o voto que construiu avanços, mesmo quando outros resistiam, como entre 2015 e 2019 — tempo de aumentos salariais, reposição de direitos, conquista de regalias sociais (passes sociais) – que só aconteceram porque a CDU os exigiu, impôs condições, nunca por vontade do PS, sempre pela pressão da CDU.
Enquanto a direita quer governar para servir o capital, e o PS finge que a ela se opõe, a CDU apresenta uma alternativa que se compromete a lutar por uma vida melhor para quem trabalha, uma política que coloque as pessoas acima dos lucros, que afirme a soberania nacional. A verdadeira aritmética da mudança não se faz a somar votos ao que não muda, mas a dar mais força à CDU – a única força que garante um combate à direita, que não faz qualquer cedência ao capital, e que se compromete a transformar e não apenas gerir o que está, de maneira a servir igualmente a todos, em vez de penalizar muitos em benefício de uns poucos.