Diz-se, por aí, que a economia cresce, que vivemos tempos de progresso, que a estabilidade recomenda que tudo fique como está. Ora, essa ideia não passa de uma miragem alimentada pelos que se habituaram a ver o mundo de cima, de muito acima, e que por isso não sabem como é sentir no bolso as dificuldades das contas por pagar, do tempo que foge.
Quem caminha pelas ruas de Santo Tirso, quem se senta com os que não aparecem no rodapé das televisões, ouve outro país. Um país real, de carne e osso, de rugas fundas e olhares gastos, em que não se ouvem palavras de júbilo – mas de cansaço e desilusão. Em Vilarinho, por exemplo, uma mulher contou-nos que deixou o trabalho para cuidar dos pais, não por escolha, mas porque não havia lar com vagas, e hoje vive com uma reforma que mal cobre as despesas com a casa. “Não me deram escolha”, disse. E foi como se falasse por muitos, por demasiados, que têm visto a vida definhar pela ausência de uma rede pública de lares. No call center da Altice (antiga PT), jovens trabalhadores queixavam-se dos baixos salários, das rendas impossíveis, da casa que não podem ter, do filho que adiam porque não há berço sem teto. Um casal, dois mil euros mensais (em conjunto), e não encontram habitação adequada por uma prestação ou renda equivalente a um terço do seu rendimento. Por esse valor, só em Lousada ou Felgueiras. Vivem separados, cada um em casa dos pais, com o futuro em suspenso. E em troca do quê? De um salário que não chega, enquanto os lucros sobem à custa de quem os cria. E há ainda o Hospital, ameaçado de ser amputado, entregue à Misericórdia, que motiva as mais variadas inquietações, quer dos utentes, quer dos profissionais de saúde.
Sei bem que há quem diga que todos os partidos são iguais, que no fundo servem-se a si mesmos. E há razão nesse cansaço, porque muito do que se prometeu foi esquecido assim que os votos assentaram. Mas a CDU não se confunde com esse caminho. Não há memória de traição na sua história a quem vive ou viveu do seu trabalho, e isso, num tempo em que a coerência é rara, vale mais do que mil promessas.
Porque este país não se aguenta mais com salários de miséria enquanto as grandes empresas acumulam lucros recorde, com rendas que devoram mais de metade do ordenado, com um SNS esventrado e uma banca que engorda à custa do povo. E não venham dizer que não há alternativas, quando há. A CDU defende-as com clareza: salário mínimo de 1000 euros já em 2025, aumento geral de 15% nos salários, reforço do investimento público em habitação, regulação das rendas, uma rede pública de creches e lares, limitação do trabalho por turnos, 35 horas para todos, reforço do SNS, expansão do metro do Porto. Isso sim, é política que se escreve com os pés no chão e os olhos no futuro.
E por isso, não é de vaidade que falamos quando dizemos que é preciso reforçar a CDU. É de dar voz aos mais de 30 mil trabalhadores de Santo Tirso e a tantos mais pelo país fora. Para que tenham deputados na Assembleia da República a falar a sua língua, não a do jargão económico que mascara desigualdades, mas a da vida concreta, a das rendas que sobem, dos salários que minguam, dos lares e das creches que não existem, da falta de investimento nos hospitais.
Porque é com a CDU que os trabalhadores deixam de ser número e voltam a ser gente, que os reformados voltam a ser lembrados e os jovens recuperam a esperança. Porque é com a CDU que a maioria deixa de esperar por um futuro que sempre se adia e começa a conquistar o que é seu por direito.