[Editorial] Unir Braga e Guimarães por comboio? Porque não?

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

Quem procurar informações sobre a história dos caminhos de ferro na nossa região vai ficar surpreendido as dificuldades iniciais da construção: a primeira concessionária faliu sem conseguir trazer a linha de Lousado a Santo Tirso. A ligação a Guimarães teve depois sucesso económico e ajudou ao desenvolvimento de toda a região. A ligação a Fafe foi inicialmente projetada para sair de Vizela e pressupunha continuidade para Trás-os-Montes, por Vila Pouca. Outras ideias projetavam uma ligação de Caniços às Taipas, seguindo o rio Ave. Podemos inferir que a geografia não ajudava os promotores de obras públicas e muitas ideias nunca saíram do papel.

A parte fundamental da Linha de Guimarães, de Lousado à cidade-berço, foi salva no início do século XXI por circunstâncias excecionais.  Recorde-se que num curto período se encerraram quase todas as ferrovias fora dos grandes centros. Esta não só não foi extinta como teve avultado investimento para modernização. Passados vinte anos sobre a sua reabertura, podemos constatar o sucesso global do empreendimento, reconhecendo embora o avultado desperdício em estações sobredimensionadas, com parques de estacionamento que começam a ser insuficientes. E pode lamentar-se que não tenha sido considerada a construção de via-dupla em toda a sua extensão, o que, ao que consta, chegou a ser considerado tendo em conta as previsões de expansão da procura e a limitação de circulação em via única.

 A Câmara Municipal de Guimarães tem vindo a apresentar propostas para “implementação de uma espécie de metro ligeiro de superfície” de forma a fazer a ligação entre Lordelo e a cidade. O estudo que sustenta a ideia fala de “uma locomotiva muito simples, elétrica e sustentável do ponto de vista da descarbonização, a fazer continuamente a ligação à zona sul do concelho”. A Infraestruturas de Portugal (IP), de acordo com o Jornal de Guimarães, considera que a linha não tem capacidade para o que pretende a autarquia e acrescenta que a sua duplicação é tecnicamente inviável.

A verdade é que o traçado atual da linha é o mesmo de há 140 anos. Mas a transformação de há vinte anos podia ter sido mais ambiciosa. Por outro lado, uma extensão ferroviária entre Guimarães e Braga seria extremamente vantajosa para a região, como foi defendido, aqui no Entre Margens, há algum tempo atrás, por Napoleão Ribeiro.

A Vila das Aves está situada no centro de uma região densamente povoada e industrializada que tem tudo a ganhar com uma rede de transportes eficiente e diversificada. Se o tal metro ligeiro de Guimarães vier a Lordelo, propomos que avance um pouco mais e nos sirva também.

 Mas seria, sobretudo, muito útil a ligação ferroviária por Guimarães até Braga, com a frequência e a duração de viagem que temos para o Porto.

Será sina de Guimarães e Braga estarem sempre de costas voltadas?

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