[Opinião] Banhos ao Ar Livre

CRÓNICAS/OPINIÃO João Ferreira

Findo mais um Agosto, em que na nossa terra, onde se vê água por toda a parte, se percorreu os trilhos e percursos existentes ao longo das margens verdejantes do rio Ave e seus afluentes, se desfrutou da tranquilidade e do som relaxante das cascatas de Fervença, e se aproveitou a sombra e o fresco dos parques acompanhando o barulho da água que escorre pelos ribeiros. Porém, outro Verão sem tréguas no calor em que só usufruímos do traço, cor, som das águas, pois nelas não nos podemos refrescar. Por conseguinte, assistiu-se, uma vez mais, à debandada dos visitantes desta terra, dos nossos conterrâneos, seus familiares e amigos, para as vizinhas praias de Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Matosinhos, bem como para as praias fluviais de Gondomar e piscinas municipais exteriores de outros concelhos.

Nas horas mais quentes do Verão, em época de férias, qualquer família que escolha a nossa terra para uma estadia mais ou menos longa, enfrenta a angústia de não encontrar um espaço de lazer e recreio onde se possa banhar, pois todos os caminhos vão desaguar a uma praia urbana onde não há banho no rio, nem piscina artificial, mas apenas jatos de água que salpicam os corpos, sem entusiasmar. Se é certo que apesar das relativas melhorias nos rios, estes ainda não se encontram despoluídos e continua a não ser possível, por exemplo, usufruir de uma praia fluvial, a verdade é que existem alternativas por explorar. À nossa volta, em Famalicão ou Paços de Ferreira, existem piscinas municipais exteriores que abrem durante todo o período de verão, permitindo que as crianças desses concelhos e de outros tenham, garantidamente, mas um divertimento durante o verão e nas férias escolares. O mesmo acontece na vizinha Galiza, em que além das piscinas de água fria existentes em várias localidades com populações significativamente inferiores à nossa, ainda se pode usufruir de estâncias termais com pequenas lagoas, de acesso gratuito durante todo o ano, especialmente em dias de maior frio. No nosso caso, além do acesso a piscinas exteriores constituir apenas uma memória de um passado recente, também as Termas do Amieiro Galego permanecem ao abandono, sem solução à vista. Embora existam condições para dar passos em direção à construção de um complexo termal com piscina como forma de aproveitamento de todas as valências da água sulfurosa, cumprindo a vontade popular, expressa na placa lá colocada, onde se dá conta da reabertura das termas, em 19 de Julho de 1975, por “vontade do povo”.

O direito ao lazer é uma exigência constante da classe trabalhadora, a qual sempre lutou pela provisão pública de parques, bibliotecas e piscinas. Hoje, quando enfrentamos verões cada vez mais quentes, o direito a nadar também se torna uma necessidade imprescindível, devendo estar disponível a todos nós. Pelo que cumpre assegurar as condições para que seja garantido, pois existe uma cidade que não deve permanecer deserta durante o Verão. 

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