Migrações são todos os movimentos de pessoas de um lugar para outro com vista a procurar melhorar as condições de vida, de trabalho, de segurança, etc. Portugal é desde há séculos um país de emigrantes: muitos portugueses saíram e continuam a sair do país, voluntariamente, com a perspetiva de encontrar soluções de vida ao nível do seu sonho e ambição pessoal e profissional.
Portugal não era, até há poucos anos, um país de imigração: não havia movimentos de deslocação de pessoas de outros países para Portugal, com dimensão notória. A imigração não era assunto de relevância social e política como já é agora, ao ponto de haver quem proponha fazer um referendo sobre o assunto.
Mas não são os aspetos das políticas de imigração que motivam este texto. Falemos sobretudo das questões locais. Quando a França e a Alemanha precisaram de mão de obra, muitos milhares de habitantes do Vale do Ave foram “a salto” ou a contrato à procura de melhorar as suas condições de vida. Toda a região e todo o país beneficiaram das remessas dos nossos emigrantes. Muita construção nova surgiu e a Vila cresceu ao mesmo tempo que iam desaparecendo as indústrias tradicionais. E as migrações dos jovens estudantes para as cidades do Porto, de Braga e de Lisboa para completarem a sua formação escolar deve ser responsável pela sua fixação tendencialmente fora da terra de origem, apesar das curtas distâncias a essas cidades. A falta de condições, nomeadamente no que diz respeito à habitação, favorece essa migração.
Hoje em dia há um movimento importante de imigração para Portugal. Trabalhadores indiferenciados na indústria e na agricultura oriundos da Índia e doutros países vizinhos, que são indispensáveis para a economia nacional, encontram-se por todo o lado. São muitos os imigrantes de Cabo Verde e mais ainda os oriundos do Brasil. Temos, em relação a todos, obrigações de solidariedade e respeito.
Portugal está a ser “descoberto” pelo Brasil. Para o comprovar, veja-se um conjunto de vídeos publicados na internet, salientando as vantagens e os inconvenientes de escolher para viver e para trabalhar, as vilas e cidades alvo de reportagem de brasileiros para brasileiros. A Vila das Aves também está na lista.
“O que é que está acontecendo em Vila das Aves”, pergunta o autor brasileiro da peça. “Tem quase tudo, mas está sumindo aos poucos”, pois perdeu 8% da população entre dois censos.
Uma das coisas que prendeu a atenção do visitante brasileiro foram os edifícios degradados e abandonados a par de magníficas vivendas e a dificuldade em encontrar casas para habitação. Nada que não soubéssemos, há muito.
Tendo realçado a localização da vila no centro do triângulo Famalicão, Guimarães, Santo Tirso, as facilidades de comunicações com o Porto e o facto de que “tem quase tudo”, pode ser que o vídeo faça a Vila das Aves crescer com mais imigração brasileira.
Quem sabe se não poderá mesmo cativar investidores de gabarito, capazes de inverter a tendência e fazer crescer a vila.
Entretanto esperamos que continuem a merecer a nossa confiança os investidores que já cá estão, nos negócios do futebol.