[Opinião] O debate do ano

Castro Fernandes CRÓNICAS/OPINIÃO

Com uma audiência de quase três milhões de pessoas, realizou- se no dia 19 de fevereiro, na passada segunda-feira, o debate televisivo, com o apoio das três grandes estações televisivas generalistas, entre Pedro Nuno Santos (PS) e Luís Montenegro (AD). Depois dos sucessivos debates realizados ao longo dos últimos dias, com audiências significativas, em especial para os indecisos, entre os partidos concorrentes às eleições legislativas de 10 de março próximo, era grande a expectativa para aquele que era considerado o debate político do ano, em Portugal, entre o Secretário Geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o líder da coligação AD, Luís Montenegro.

Recuando a novembro passado é bom que nos recordemos das razões que levaram à demissão do Primeiro Ministro, António Costa, depois da emissão do comunicado da Procuradoria Geral da República de 7 de novembro de 2023. Foi exatamente o teor do comunicado da PGR e as suspeitas levantadas sobre a atividade do PM que levaram a que, no mesmo dia da emissão do comunicado, António Costa se tivesse dirigido a Belém e pedido a demissão o que foi aceite pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Recorde-se também que António Costa apresentou ao PR uma proposta de novo Primeiro Ministro, Mário Centeno, apoiado pela maioria absoluta do PS na Assembleia da República. Como é sabido o PR, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou um Conselho de Estado onde propôs a dissolução da Assembleia da República e a marcação de novas eleições, proposta que o Conselho de Estado não aprovou dado que, como resultado da votação, ocorreu um empate a oito votos. Como a decisão de marcação de eleições cabe ao PR, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu os poderes próprios e marcou as eleições legislativas para 10 de março, de que resultou a atual disputa eleitoral.

O debate da passada segunda-feira entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro foi muito intenso, até pela pré-campanha e debates televisivos até então realizados! As expectativas eram grandes dado que algumas das sondagens davam à AD de Luís Montenegro a liderança, com a exceção da última sondagem realizada e divulgada na própria segunda-feira, para o JN/DN/TSF, que dava a liderança a Pedro Nuno Santos e ao PS.

Quanto ao debate em si, Pedro Nuno Santos entrou com muita força e logo assumiu que viabilizaria um governo minoritário da AD desde que ganhasse as eleições, o que deixou Luís Montenegro estupefacto e não lhe permitiu que assumisse idêntica posição face a um governo PS.

Contra as expectativas viu-se um Luís Montenegro errático e mesmo desconhecedor de dossiers importantes como no caso do salário médio de 1750 euros previsto já para 2027 no acordo entre trabalhadores, patrões e governo, quando disse que defendia esse valor para 2030!!! Na questão do chamado “choque fiscal” de que a AD e Luís Montenegro são proponentes e onde Pedro Nuno Santos o confrontou com o facto de “a perda acumulada [de impostos, no programa da AD] em quatro anos é de 16,5 mil milhões de euros!”

Outro tema onde a divergência foi total, foi quanto aos cortes de pensões que o Governo de Passos Coelho efetuou, com Pedro Nuno Santos a referir que nos governos de António Costa houve atualização das pensões chegando mesmo a recordar que foi o próprio Luís Montenegro que recentemente referiu que tinha de se reconciliar com os pensionistas. Mesmo na questão do novo aeroporto Luís Montenegro “enrolou-se” num assunto que não era fácil para Pedro Nuno Santos.

Enfim um debate onde ficaram claras as dificuldades de Luís Montenegro e onde foi clara a vitória de Pedro Nuno Santos, mas nada está decidido e só no dia 10 de março se conhecerão os resultados e quem vai governar Portugal.

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