Força Avense junta-se ao coro de críticas contra ‘cartão do adepto’

ATUALIDADE DESPORTO

Fórum de grupos organizados de adeptos considerou medida do Governo como repressiva, que vai aumentar a segregação entre adeptos nos estádios e que falhou em todos os países em que foi implementada. 

Uma posição unânime para combater o que consideram como uma medida repressiva e que nunca deu resultado onde foi implementada. No passado dia 12 de setembro decorreu um fórum com representantes de grupos organizados de adeptos de vários pontos do país para discutirem a possível implementação do cartão do adepto, proposto pelo Governo.

A iniciativa que contou com a presença da Força Avense e incluiu representantes de clubes transversais a todos os escalões de competição, da primeira liga às distritais, mostrou-se unanimemente contra a implementação do cartão do adepto.

Em comunicado a que o Entre Margens teve acesso pode ler-se que os grupos organizados de adeptos veem esta medida como “repressiva” das liberdades individuais enquanto cidadãos, considerando que o único documento que lhes deve ser exigido é o cartão de cidadão, tal como acontece a qualquer outra pessoa. 

“Em momento algum deixamos de ser cidadãos deste suposto Estado de Direito democrático porque temos um estilo de vida diferente de tantos outros cidadãos, e como tal, não é o uso de um tambor que nos faz ser portador de qualquer outro documento, que além de tudo, é pago dos nossos bolsos”, frisa o documento saído do fórum. 

“Esta lei atropela de forma violenta os mais básicos pilares do estado de direito em que, em teoria, vivemos. Liberdade de expressão, liberdade de associação, igualdade, acesso livre ao desporto.”

Mais, sublinham, “esta medida pode ser vista como ineficaz e vazia, já que não é o cartão que muda a natureza do cidadão, muito menos o setor onde escolhe apoiar a sua equipa.” Aliás, pode trazer riscos acrescidos às forças de segurança, se estes grupos se espalharem pelos estádios. 

Por outro lado, “ao criar várias zonas para vários adeptos, continuam a estigmatizar e a segmentar os adeptos”, sendo que “aqueles que nunca falham e fazem capas de jornais quando é conveniente” passarão a ser considerados adeptos de segunda, “rotulados como se de um perigo público se tratassem”. 

O fórum critica ainda “a impossibilidade de aquisição deste cartão a menores de 16 anos”, condenando a “uma morte lenta e dolorosa a mística do uso de uma faixa, ou o som do rufar de um tambor para as próximas gerações.”

Deste modo os grupos organizados de adeptos mostram-se cientes do quadro legal aplicável e dos mecanismos que têm ao seu dispor enquanto cidadãos, considerando que teria sido mais producente que o legislador, se quisesse mesmo combater a violência no desporto, tivesse olhado para os melhores exemplos europeus. “Apostar numa ideia testada e falhada só pode ser um fim. E o seu fim é o decréscimo de público nos estádios e a crescente ausência da cor, emoção e mística que a todos faz vibrar”, remata o texto saído do fórum de grupos organizados. 

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